Manuel Vitorino, Leonel de Castro
Sem a preservação da paisagem não há turismo, dizem, a várias vozes, empresários, dirigentes da Liga dos Amigos do Alto Douro Vinhateiro, investigadores, agentes turísticos. Todos estão de acordo na "urgente" necessidade de acautelar o "honroso título" atribuído pela Unesco. Se possível, sem "foguetório" e discursos ocos e sem sentido. Antes com projectos que permitam devolver a esperança de quem se habituou a viver e deseja um futuro melhor para a região. "O Douro não são só as quintas e os vinhedos. Por detrás dos socalcos, existe muita pobreza", traduz Gaspar Martins Pereira, investigador e director do Museu do Douro.Mas o turismo será a receita mágica para inverter os fracos índices de desenvolvimento da região vinícola, a tábua de salvação do Douro? "A região tem enorme potencial, atractividade, uma paisagem única no Mundo. Mas há coisas inadmissíveis a Estação de Tratamento de Águas Residuais de Lamego destila cheiros nauseabundos. Provavelmente, foi mal construída e os atentados ao ambiente sucedem-se com total impunidade. Como é possível?", interroga-se Laura Regueiro, vice-presidente da Liga dos Amigos do Alto Douro Vinhateiro/Património Mundial. A empresária da Quinta Casa Amarela, situada em Cambres, às portas de Lamego, gostava de ver o território ordenado e com mais planeamento. "O vinho é a âncora para atrair investimentos, mas temos de retirar as sucatas, o ferro-velho dos montes e vales. Enquanto tal não acontecer, estamos a hipotecar o futuro", garante a activista.Resort encalhadoO empresário Mário Ferreira, porventura o mais dinâmico investidor da região duriense, sonha em ir à lua. Já pertence ao clube dos 100 fundadores dos voos espaciais, organizados pela Virgin Galactic, e fundou a empresa "Caminho das Estrelas". Em terra, o Douro continua a causar-lhe alguns dissabores. O seu mais emblemático projecto, Douro Marina Hotel, um "resort" de luxo, continua encalhado devido aos problemas ambientais levantados pelo IPPAR-Instituto Português do Património Arquitectónico. Ao JN, deixou outras mágoas "O Douro tem enormes potencialidades de crescimento. Tenho ideias e projectos, mas no Douro está quase tudo por fazer. As aldeias não são preservadas e existem construções de duvidoso enquadramento estético. A estas coisas, o IPPAR não está atento. Só emperra aquilo que não deve", observou.O dono do "Vintage House" , no Pinhão, aposta forte na dinamização turística da região e não desistiu de levar por diante o resort de luxo no vale do Douro "O projecto é de interesse nacional. Mas os senhores do IPPAR levantam obstáculos infundados. As pessoas não têm a noção dos prejuízos causados", insiste.Verba irrisóriaJorge Osório, presidente da Região de Turismo Douro Sul, conhece como poucos a região e, actualmente, os projectos abrangidos pelos programas comunitários ocupam-lhe uma parte do tempo. Por uma razão simples "São uma forte alavanca para o desenvolvimento. Mas tem faltado complementaridade, articulação das políticas. Por isso, tenho grandes expectativas na Unidade de Missão para o Douro", adiantou."O vinho é a base do turismo, mas os políticos não podem continuar com promessas. Sócrates veio ao Douro e anunciou 315 mil euros para a divulgação da região. É irrisório e, por isso, o Douro continua a ser uma região deprimida. Se distribuíssem um por cento daquilo que dão para o Algarve ou à Madeira, já fazíamos um brilharete", conta Filipe Mergulhão, da Quinta Casal Agrícola de Cevêr, uma unidade de turismo rural em Santa Marta de Penaguião.Neste deve e haver sobre uma paisagem cultural única, fica uma certeza o turismo é um sector capaz de ajudar a transformar a região. Está, porém, quase tudo por fazer: incompreensivelmente, há postos de turismo encerrados (o da Régua só abre quando Deus quer...), falta gente qualificada para servir na hotelaria e restaurantes com menús em inglês, guias turísticos conhecedores e com indicações úteis para transmitir. O vinho só será o grande embaixador se os turistas forem bem recebidos e mantiverem sempre o desejo de saborer um "vintage" na região demarcada mais antiga do Mundo.
turismo exige mais rigore preservação da paisagem
Fonte Plano de Desenvolvimento Turístico do Vale do Douro
http://jn.sapo.pt/2006/10/01/norte/turismo_exige_mais_rigore_preservaca.html
Sem a preservação da paisagem não há turismo, dizem, a várias vozes, empresários, dirigentes da Liga dos Amigos do Alto Douro Vinhateiro, investigadores, agentes turísticos. Todos estão de acordo na "urgente" necessidade de acautelar o "honroso título" atribuído pela Unesco. Se possível, sem "foguetório" e discursos ocos e sem sentido. Antes com projectos que permitam devolver a esperança de quem se habituou a viver e deseja um futuro melhor para a região. "O Douro não são só as quintas e os vinhedos. Por detrás dos socalcos, existe muita pobreza", traduz Gaspar Martins Pereira, investigador e director do Museu do Douro.Mas o turismo será a receita mágica para inverter os fracos índices de desenvolvimento da região vinícola, a tábua de salvação do Douro? "A região tem enorme potencial, atractividade, uma paisagem única no Mundo. Mas há coisas inadmissíveis a Estação de Tratamento de Águas Residuais de Lamego destila cheiros nauseabundos. Provavelmente, foi mal construída e os atentados ao ambiente sucedem-se com total impunidade. Como é possível?", interroga-se Laura Regueiro, vice-presidente da Liga dos Amigos do Alto Douro Vinhateiro/Património Mundial. A empresária da Quinta Casa Amarela, situada em Cambres, às portas de Lamego, gostava de ver o território ordenado e com mais planeamento. "O vinho é a âncora para atrair investimentos, mas temos de retirar as sucatas, o ferro-velho dos montes e vales. Enquanto tal não acontecer, estamos a hipotecar o futuro", garante a activista.Resort encalhadoO empresário Mário Ferreira, porventura o mais dinâmico investidor da região duriense, sonha em ir à lua. Já pertence ao clube dos 100 fundadores dos voos espaciais, organizados pela Virgin Galactic, e fundou a empresa "Caminho das Estrelas". Em terra, o Douro continua a causar-lhe alguns dissabores. O seu mais emblemático projecto, Douro Marina Hotel, um "resort" de luxo, continua encalhado devido aos problemas ambientais levantados pelo IPPAR-Instituto Português do Património Arquitectónico. Ao JN, deixou outras mágoas "O Douro tem enormes potencialidades de crescimento. Tenho ideias e projectos, mas no Douro está quase tudo por fazer. As aldeias não são preservadas e existem construções de duvidoso enquadramento estético. A estas coisas, o IPPAR não está atento. Só emperra aquilo que não deve", observou.O dono do "Vintage House" , no Pinhão, aposta forte na dinamização turística da região e não desistiu de levar por diante o resort de luxo no vale do Douro "O projecto é de interesse nacional. Mas os senhores do IPPAR levantam obstáculos infundados. As pessoas não têm a noção dos prejuízos causados", insiste.Verba irrisóriaJorge Osório, presidente da Região de Turismo Douro Sul, conhece como poucos a região e, actualmente, os projectos abrangidos pelos programas comunitários ocupam-lhe uma parte do tempo. Por uma razão simples "São uma forte alavanca para o desenvolvimento. Mas tem faltado complementaridade, articulação das políticas. Por isso, tenho grandes expectativas na Unidade de Missão para o Douro", adiantou."O vinho é a base do turismo, mas os políticos não podem continuar com promessas. Sócrates veio ao Douro e anunciou 315 mil euros para a divulgação da região. É irrisório e, por isso, o Douro continua a ser uma região deprimida. Se distribuíssem um por cento daquilo que dão para o Algarve ou à Madeira, já fazíamos um brilharete", conta Filipe Mergulhão, da Quinta Casal Agrícola de Cevêr, uma unidade de turismo rural em Santa Marta de Penaguião.Neste deve e haver sobre uma paisagem cultural única, fica uma certeza o turismo é um sector capaz de ajudar a transformar a região. Está, porém, quase tudo por fazer: incompreensivelmente, há postos de turismo encerrados (o da Régua só abre quando Deus quer...), falta gente qualificada para servir na hotelaria e restaurantes com menús em inglês, guias turísticos conhecedores e com indicações úteis para transmitir. O vinho só será o grande embaixador se os turistas forem bem recebidos e mantiverem sempre o desejo de saborer um "vintage" na região demarcada mais antiga do Mundo.
turismo exige mais rigore preservação da paisagem
Fonte Plano de Desenvolvimento Turístico do Vale do Douro
http://jn.sapo.pt/2006/10/01/norte/turismo_exige_mais_rigore_preservaca.html
Nenhum comentário:
Postar um comentário